História de Paraty

As primeiras mudas de cana-de-açúcar chegaram no território brasileiro pelas mãos de Martim Afonso de Souza. Sua expedição tinha a missão de dar inicio a colonização do território brasileiro, ação cobiçada pela coroa portuguesa como forma de proteger o litoral do Brasil das invasões estrangeiras. Porem, esse período não durou muito, pois após a expulsão dos holandeses do nordeste brasileiro, empreendedores holandeses se tornaram um forte concorrente visto que os holandeses vendiam o açúcar mais barato na Europa além de controlarem o transporte e comercio do produto. No final do século XVII, o Brasil estava com uma queda no numero de exportações do açúcar, devido ao fato dos holandeses terem iniciado a produção do mesmo produto nas colônias da América Central ganhando uma grande concorrência com o Brasil, logo , era preciso buscar novas riqueza na colônia. E por sorte foram encontradas as primeiras minas de ouro no Brasil, nas seguintes regiões: Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Dando inicio ao Ciclo do Ouro. Porém, com o intuito de controlar todo o lucro, a capital que ate então era Salvador mudou-se para o Rio de Janeiro, como uma forma de estar mais perto das regiões exploradas. Vendo que o negocio estava prosperando, a Coroa Portuguesa logo deu um jeito de conseguir captar o máximo de lucro possível, criando assim as Casas de Fundição, desta forma poderiam recolher boa parte dos impostos em cima do ouro. As taxas eram altíssimas, deixando os mineiros completamente insatisfeitos, pois o ouro não poderia ser negociado em pó nem em pepita ele tinham que ser levados as casas de fundição e lá seriam transformados em barra, receberiam um selo que finalmente daria legitimidade para ser negociados. Os impostos principais eram cobrados em: Quinto – ou seja, 20% de toda a produção de ouro que pertenceriam ao rei português; Derrama – A colônia devia arrecada uma cota de aproximadamente 1.500kg de ouro por ano e caso essa cota não fosse atingida, era penhorado os bens de mineradores; Capitação – era o imposto pago por cabeça, sendo assim, para cada escravo que trabalhava nas minas era cobrado imposto.

Mesmo que o ciclo do ouro naquela época tenha trazido muita prosperidade para as cidades, o povo que vivia na região já começava a gerar conflitos que findaram em diversas revoltas pelo fim da exploração que lhes eram impostas, como a Revolta de Felipe Santos, que não concordava com as casas de fundição. E a Inconfidência Mineira , liderada por Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes. Em meados do ano de 1600, foi fundado o primeiro povoado de Paraty em torno da Igreja de São Roque. Após 40 anos, os índios que viviam no outro lado do rio (Hoje o centro Histórico) foram expulsos e assim o povoado foi crescendo e no século XIX passou a ser muito importante para a econômia nacional, pois chegou a ser o segundo principal porto do Brasil e de onde saia o ouro das Minas Gerais para Portugal. Com o fim do ciclo do ouro, a cidade se manteve graças a fabricação da cachaça, considerada uma das melhores do pais. Algum tempo depois, o porto de Paraty voltou ter bom movimento, pois o café vindo do Vale do Paraíba era embarcado no município com destino a Portugal. O café apareceu no Brasil, a partir da segunda década do século XVIII, através de Francisco de Melo Palheta. No século XIX, as plantações se espalharam pelo interior de São Paulo e Rio de Janeiro.

A partir da metade do século XIX, a escravidão no Brasil passou a ser contestada pela Inglaterra, pois a mesma estava interessada em ampliar seu mercado consumidor para o Brasil e no resto do mundo, portanto o parlamento inglês aprovou a Lei Bill Aberdeen (1845), da qual proibia o trafico de escravos, dando o poder aos ingleses de abordarem e prenderem navios de países que faziam esta pratica. Depois de 5 anos, o Brasil cedeu as pressões da Inglaterra e aprovou a Lei Eusébio de Queiróz, que cessou o trafico negreiro. em 28 de setembro de 1871, foi aprovada a lei do Ventre Livre que dava a liberdade aos filhos dos escravos nascidos a partir daquela data. e no ano de 1885 era promulgada a lei dos sexagenários que garantia a liberdade aos escravos com mais de 60 anos. Logo apos a abolição da escravatura a maior crise do município foi no ano de 1888, pois o município perdeu o movimento em seu porto e a população que era de aproximadamente 16.000 habitantes caiu para menos de mil.

Praticamente esquecida, a cidade começou a se recuperar com a construção da Rodovia Rio Santos, que liga os dois principais centros econômicos do Brasil. Isso aumentou o movimento na cidade e melhorou muito o acesso. Com isso o turismo começou a aparecer tanto pelas belezas naturais do local, quanto por sua arquitetura em estilo colonial preservado.

Igrejas

A igreja católica passou por um processo chamado de sincretismo religioso, que é a adaptação e absorção de conceitos das religiões, foi feito pelo cristianismo em relação a religiões pagãs na Europa, durante a consolidação da Igreja Católica. A igreja usou os costumes e tradições dos pagãos em beneficio da doutrina cristã, reconstruindo os discursos já estabelecidos nas sociedades pagãs em nome do cristianismo. A maior parte da sociedade brasileira é composta pelo catolicismo, logo a própria igreja católica assiste pessoas carentes. No inicio do século IV, a fome e a doença destruíam o exercito e naquela época a igreja católica demonstrou ajuda e caridade como conhecemos hoje no ocidente, promovidas por bispos, frades, freiras e padres. Criando se atualmente programas de ajuda e arrecadação de fundos como a FDS (Fundos Diocesanos de Solidariedade).

Santa Rita

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Foi edificada em 1722 pelos pardos libertados sob a invocação de Menino Deus, Santa Rita e Santa Quitéria, alguns anos depois, reparada e reedificada com aumento por devotos brancos que passaram a utiliza-la como matriz durante a construção daquele novo templo. É a igreja mais antiga da cidade em virtude da demolição das capelas de são Roque e da antiga matriz. Igreja de arquitetura jesuíta apresenta nos elementos internos, as características do barroco-rococó, os traços barrocos podem ser identificados na capela-mor, com seus cachos de uva, pássaros e anjos-meninos enquanto os traços do rococó podem ser representados pelo uso de cores luminosas e suaves, em contraposição as cores fortes do barroco.

Nossa Senhora dos Remédios

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Por causa da fundação do povoado ergueu-se uma pequena capela dedicada, São roque sobre o atual morro do Forte, onde então se encontravam construídas as primeiras moradias. Mas, em 1646, dona Maria Jacome de melo doou a área situada entre os rios Perequê-açu e Patitiba para a construção do novo povoado exigindo que nele se construísse uma capela dedicada a nossa senhora dos remédios, santa de sua devoção e que não molestassem os índios que ali viviam. De estilo Neoclássico, sobressai por sua imponência e apresenta a sobriedade e o despojamento característicos deste estilo, em que as grandes massas se contrapõem ao ritmo dos vãos.

Cidade

Paraty é um centro histórico de grande renome não só por seu encanto puro, mas pela sua preservação de vários séculos, por artistas que ali passaram , estilos ali presentes e historias conservadas que ainda podem ser contemplados por turistas e futuras gerações dos próprios paratienses. Essa cidade é um dos centros históricos mais preservados e um dos mais antigos do mesmo modo, contando, com as reformas e cuidados dos moradores.

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Na cidade de Paraty, tem se uma grande quantidade de períodos da historia estampadas nas próprias casas, onde em cada casa tem um estilo arquitetônico e artístico junto e diferenciado, pode se perceber este fator principalmente nas janelas. Um estilo apresentado nas janelas seria a ''treliça'' que era utilizada para conservar a imagem das mulheres, vindo de influencia árabe. Após a ascensão da burguesia, esse tipo de janela fora bastante usadas. Outro tipo de janela foi a guilhotina, que por ser com vidro é considerada o estilo mais recente. Nas varandas, se encontra o estilo que veio do Art Noveau, que é quando a indústria se desenvolve bem na Europa com ferro e então os artistas e decoradores, começam a pensar em dar movimento de forma orgânica pro ferro, algumas ate imitando plantas.

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A cidade de Paraty apesar de todas as belezas naturais e uma imensa cultura histórica, tem também suas manifestações, como teve em junho desse ano na FLIP (Festival Literário Internacional de Paraty) reunindo pautas de povos tradicionais, feministas, ativistas pela educação, por direitos LGBT. O movimento recebeu o nome de Ocupa FLIP, esse protesto teve como objetivo denunciar violações de direitos dos povos e das comunidades tradicionais da região. O protesto se concentrou na Praça Matriz e contou com cartazes e palavras de ordem.

Além das igrejas católicas, a cidade de Paraty também tem sua matriz africana com o surgimento da Umbanda e do Candomblé.

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O candomblé foi formado através da vinda dos negros ao Brasil, pelo tráfico em navios negreiros, oriundos de diversas cidades africanas. O candomblé que temos atualmente no Brasil, não se encontra em outros países, devido a união de variados escravos de diferentes regiões, numa mesma senzala. Teve assim a miscigenação dos fundamentos, dando origem ao nosso candomblé. Hoje em dia não se tem muitos centros de candomblé e a pratica do mesmo é discriminada pela sociedade ainda nos dias atuais. Essa religião consiste em cultuar os orixás, porém só alguns são cultuados aqui no Brasil como: Exu, Ogum, Xangó, Obaluaye, Ogum Ede e Iemanjá. O candomblé na África é totalmente patriarcal enquanto que aqui no Brasil é matriarcal com varias mães de santos a frente do conhecimento sobre essa religião. Foi através do pulso forte destas mães, que se constituiu o candomblé brasileiro, preservando tradições africanas. A história mostra que nas primeiras casas de candomblé no Brasil, homens eram proibidos de entrar no Xiré (roda de dança para os orixás). Com maior propagação na Bahia e no Rio de Janeiro, a Umbanda brasileira começou a ser formada por volta de 1530, com a mistura de concepções religiosas trazidas pelos negros da África, na época da escravidão. O primeiro terreiro foi fundado em 1908 através de Zélio Fernandino de Moraes. Na época com 17 anos, Zélio, que fazia parte de uma família tradicional de Niterói, RJ, incorporava o chamado Caboclo das Sete Encruzilhadas e foi o responsável pela formação de sete tendas que acabaram difundindo a Umbanda. Todas as tendas usavam rituais simples com cânticos baixos e harmoniosos.

A Umbanda incorpora os adeptos dos deuses africanos como caboclos, pretos velhos, crianças, boiadeiros, espíritos das águas, oguns, exus, e outras entidades desencarnadas na Terra, sincretizando geralmente, as religiões católica e espírita. O chefe da casa é conhecido como Pai de Santo e seus filiados são os filhos ou filhas de santo. O Pai de Santo principia a cerimônia com o encruzamento e a defumação dos presentes e do local. Seguem-se os pontos, cânticos sagrados para formar a corrente e fazer baixar o santo. O candomblé e a umbanda tem em comum a matriz africana e a discriminação na sociedade. E como diferença o modo que são cultuadas e o fato de que a umbanda é uma religião brasileira enquanto que o candomblé é uma religião africana.

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Essas duas religiões nos dão um exemplo de algo muito importante, que é a construção da nossa própria identidade, mas o que é essa construção? Formar nossa própria identidade significa que formamos nosso próprio ser com qualidades e que o define.